quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vida de bairro

Eu e o maridinho, enquanto andámos a procurar casa sempre fizémos questão que, entre outros requisitos, fosse uma casa onde pudéssemos usufruir do que chamávamos vida de bairro ou, mais pomposamente, autonomia local. E, na verdade, conseguimos. Ao nosso redor temos farmácias, bancos, papelarias, lavandarias, mercearia, frutaria, talho, pastelarias e padaria... enfim, até loja dos chineses! E isto sem precisarmos de sair de carro.

Mas aquilo que a desejada vida de bairro pode ter de bom, também tem de mau... Ou seja, se facilita já nos conhecerem no café ou no quiosque, não é o meu género ter pessoas que não me são nada a "controlar" a minha vida. A saber se estou em casa, se não estou, há quanto tempo não vou à farmácia ou se bati com o carro!

E este desabafo vem agora porquê, perguntam vocês. Porque no fim-de-semana passado fui à farmácia e, enquanto esperava a minha vez, desejava interiormente que não me calhasse o senhor mais mal encarado que lá está (e calhou!...). Quando pedi o que queria, esperando despachar-me o mais rapidamente possível e sem muita conversa, o senhor, inusitadamente, foi de uma extrema simpatia. Dizia-me ele: ainda ontem comentei que a senhora e o seu marido nunca mais tinham cá aparecido e que se calhar já não viviam por cá... Claro que eu fiquei completamente boquiaberta... Ainda lhe perguntei, para ter a certeza: mas o senhor lembrou-se assim de repente de nós? E ele: sim, já não os via há muito tempo.

Bem... eu achei aquela simpatia toda muito esquisita! Mas acabei por perceber onde ele queria chegar. No meio da conversa conseguiu a oportunidade de me perguntar directamente aquilo que queria. Afinal a simpatia tinha um objectivo. E esse objectivo era meter-se na vida alheia!

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